Nos dias atuais, a interconexão entre a vida digital e a realidade financeira é mais intensa do que nunca, especialmente quando se trata do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O órgão realiza um monitoramento contínuo, 24 horas por dia, cruzando informações provenientes de redes sociais, Sistema Único de Saúde (SUS), Receita Federal e instituições bancárias. Esse cruzamento gera alertas automáticos que podem resultar em revisões, perícias extras e, em casos extremos, no corte de benefícios.
Uma das áreas mais delicadas dessa vigilância é a interação entre os dados apresentados pelos segurados e o conteúdo que eles compartilham online. O erro comum é acreditar que a vida nas redes sociais passa despercebida pelo INSS. Peritos e servidores têm acesso a perfis públicos e, quando há indícios de contradição entre o que foi declarado e o que é postado, a situação pode se complicar. Por exemplo, um segurado que afirma estar incapacitado para o trabalho devido a problemas sérios na coluna, mas que publica fotos jogando futebol, pode ser alvo de questionamentos.
Casos como esses não são raros e podem prejudicar a credibilidade do beneficiário. Uma beneficiária que apresenta laudos atestando depressão incapacitante, mas que é vista em vídeos dançando em festas ou viajando frequentemente, pode ser considerada inconsistente por um perito. É comum encontrar laudos com anotações que indicam a discrepância, como: “segurado alega incapacidade, porém consta em rede social em atividades incompatíveis com o quadro informado”. Essa interpretação, muitas vezes, ignora o contexto real da vida do segurado.
É fundamental esclarecer um ponto crucial: embora o INSS possa utilizar publicações em redes sociais como indício para investigar a veracidade das informações, uma única foto não é suficiente para cortar um benefício. No entanto, ela pode ser o início de um processo de revisão rigoroso, conhecido como “pente-fino”. Portanto, é essencial que os segurados tenham consciência de que suas atividades online podem ser observadas e, mais importante ainda, que a transparência e a honestidade nas declarações são fundamentais para a manutenção dos benefícios.
Fonte: @elisangelacoelhoadvogada
